A FAIXA BRANCA – Mu Kyu – 8 KYUEssa é a cor do desprendimento e da pureza.O branco reflete todas as cores. A própria cor dessa faixa indica que o seu portador aindapossui a ingenuidade e deve procurar manter a mente limpa. Entretanto, ele tem empotencial, todas as cores das demais faixas posteriores cabendo a ele através da fricçãodo treino árduo segir com a evolução técnica e avançar na evolução das cores.A busca nesse grau é pela purificação e transformação, diante do infinito conhecimentoque tem diante de si. Essa faixa nos diz que o iniciante deve buscar a humildade e aimaginação criativa, através da limpeza e da claridade dos pensamentos. É a cor síntesedo arco-íris e a mais associada ao sagrado, pois simboliza paz, pureza, perfeição eespecialmente o absoluto.Ela nos diz que devemos buscar a pureza, sinceridade e a verdade; repelindo ospensamentos negativos, procurando elevá-los, para que encontremos o equilíbrio interior,segurança e desenvolvamos o instinto e a memória.O branco simboliza uma espécie de coringa, para todos os propósitos, é o substituto paraqualquer cor, assim como uma tela em branco esperando para ser pintada.
A FAIXA CINZA – Shiti-Kyu – 7º KYUA faixa cinza simboliza uma pequena evolução técnica em comparação a faixa branca,essa graduação é dada apenas para praticantes até cerca de 15 anos, para a classe senioressa graduação já não se faz presente.Já pela mudança da cor branca para a cinza, identificamos que a pureza do praticantecomeça a ser alterada, porém ainda muito superficial. As características básicas semantém inalteradas, pois o tempo de prática ainda é muito pequeno se comparado a todoo processo de aprendizado que o judoca terá que passar.
A FAIXA AZUL – Ro-Kyu – 6º KYUSignifica o Céu, através do qual a planta cresce até tornar-se uma árvore frondosa,enquanto o treinamento do judô progride. O azul se faz intermediário entre o branco e oamarelo. A amadurecimento e a expectativa da evolução se faz presente, visto que ojudoca continua dando andamento ao seu aprendizado.A continuidade dos treinamento fará com que a evolução técnica seja natural, assim comoa cor azul se faz no dia a dia da natureza.
A FAIXA AMARELA – Rokku Kyu – 5º KYUAssim como um sol que desponta todos os dias, ela significa que é um iniciante ou umrecém nascido, que com o tempo irá crescendo e fortalecendo-se, até chegar àmaturidade que corresponde à faixa preta.Assim como o sol nascente o conhecimento começa a aflorar para o iniciante. Agora elepode vislumbrar um pouco da iluminação da descoberta e da realidade do que é o Judô.Entretanto, assim como o amarelo é uma cor primária, isto é, não pode ser formado pelamistura de outras cores, ele também deve manter-se puro dentro da escola de judô queescolheu ainda evitando misturar outras coisas aos conhecimentos já adquiridos.Assim como essa cor, essa graduação lhe traz a alegria, a vida, o calor, a força, a glória, opoder mental e representa o descobrimento. Ela lhe desperta novas esperanças nocaminho, dando-lhe vivacidade, alegria, desprendimento e leveza. Agora ele deveprocurar desinibir-se para desenvolver seu brilho, mas também diminuir a ansiedade e aspreocupações, construindo sua confiança, energia e inteligência na solução dos problemasque surgirão.A cor dessa graduação mostra que o praticante deve reter conhecimentos e desenvolver aluz da sabedoria e da criatividade, e assim como o sol, ela deve trazer a luz para assituações difíceis.O Amarelo simboliza: criatividade, as idéias, o conhecimento, alegria, juventude enobreza. Apesar do amarelo estar relacionado ao elemento terra, também é uma cor Yange representa o descobrimento e a abertura para o conhecimento.
A FAIXA LARANJA – Yon Kyu - 4º KyuEsta é uma cor que é a mistura do vermelho com o amarelo, representado que oconhecimento do grau anterior deve estar contido nesta graduação e trazendo asqualidades dessas duas cores. Nos diz que devemos procurar o sucesso no treino diário,agilidade, adaptabilidade, estimulação, atração e plenitude.Essa cor também simboliza aquilo que o praticante deve buscar: o encorajamento,estimulação, robustez, atração, gentileza, cordialidade e tolerância.Esta é a cor da comunicação, do calor afetivo, do equilíbrio, da segurança e da confiança.Quem chega nessa faixa deve acreditar que agora tudo é possível, pois essa cor estimulao otimismo, generosidade, entusiasmo e o encorajamento.A cor laranja mostra ao praticante que ele deve fortalecer as energias e a sua vontade devencer.A cor laranja está situada entre o elemento fogo e o elemento terra, portanto,carrega um pouco das características dos dois elementos. Também é uma cor Yang.
A FAIXA VERDE – San Kyu - 3º KyuO verde é uma cor que representa Esperança e a Fé. É a cor mais harmoniosa e calmantede todas. Ela simboliza harmonia e o equilíbrio.Essa cor, que nos chega depois das cores quentes iniciais, nos dá a impressão de quechegamos a um oásis, depois de atravessar um árduo deserto, mas devemos saber queainda há mais deserto a vencer.Ela também representa as energias da natureza, esperança, perseverança, segurança esatisfação; fertilidade. O portador deve procurar desenvolver a sua sensibilidade para secomunicar com a natureza interna e externa a si mesmo.Significa também a harmonia em que devemos estar com ela, junto com o ar, a água e ofogo, elementos da vida que proporcionam bem-estar ao ser humano.Essa cor simboliza uma vida nova, a energia, a fertilidade, o crescimento e a saúde. Poroutro lado, quando em mau aspecto, mostra um orgulho excessivo, superioridade earrogância. O verde é ligado ao elemento madeira e a primavera.Representa o crescimento, desenvolvimento, natureza e saúde. Também significa a etapada juventude, estando relacionado a este estado emocional, mostrando assim, que osconhecimentos ainda não se encontram bem claros ou maduros para os praticantes; aindalhes falta amadurecer mais e delineá-los melhor.
A FAIXA ROXA OU VIOLETA – Ni Kyu - 2º KyuO roxo é uma mistura das cores azul e vermelho.Essa é a cor usada pelos sacerdotescatólicos para refletir santidade e humildade. Ela gera sentimentos como respeito próprio,dignidade e auto-estima.Esta é uma cor metafísica. É também a cor da alquimia, das transformações e da magia.Ela é vista como a cor da energia cósmica e da inspiração espiritual. A cor violeta éexcelente para purificação e cura dos níveis físico, emocional e mental. Simboliza:dignidade, devoção, piedade, sinceridade, espiritualidade, purificação e transformação.Quando em mau aspecto determina manias e fanatismo.Representa o mistério, expressa sensação de individualidade, influenciando emoções ehumores, mas também simboliza a dignidade, a inspiração e justiça. Gera tensão, poder,tristeza, piedade, sentimentalidade.Tendo isso tudo em mente, a cor desta graduação nos indica que devemos encontrarnovos caminhos e a elevar nossa intuição espiritual.
A FAIXA MARROM– Ichi Kyu - 1º KyuÉ a cor da solidificação. Representa a constância, a disciplina, a uniformidade adquirida ea observação das regras mantidas até aqui. Representa a conexão do praticante com opatrono do estilo que lhe foi passado, representado por seus mestres (Sensei).Para criar essa cor, você precisa misturar o vermelho com o preto e, portanto, ela temalguns dos seus atributos. Também representa a autocrítica e a dependência dos mestrespara chegar até aqui. Significa que se está completando o processo de amadurecimento,tanto nos conhecimentos técnicos quanto no aspecto mental.Essa faixa, pela sua cor, emana a impressão de algo maciço denso, compacto.Sugere segurança e isolamento. Representa também uma poluição que deve sempre serlimpa, através da prática fiel aos princípios do Budô.Uma pessoa que gosta de vestir-se com marrom por certo é extremamente dedicada ecomprometida com seu trabalho, sua família e seus amigos.A cor marrom gera organização e constância, especialmente nas responsabilidades docotidiano. As pessoas que gostam de usar essa cor são capazes de ir "à raiz das coisas" elidar com questões complicadas de forma simples e direta. São pessoas "sensatas".
A FAIXA PRETA – Sho Dan – 1º DanÉ a junção de todas as cores. Enfim o corpo e a mente chegaram ao final de uma jornadae ao início de outra mais elevada. A faixa na cor preta, representa humildade,autocontrole, maturidade, serenidade, disciplina com responsabilidade, dignidade econhecimento. É a cor do poder, induz a sensação de elegância e sobriedade.Observe-se que na maioria das sociedades ocidentais, o preto quase sempre é a cor damorte, do luto e da penitência, mostrando assim, o estado mental, para o mundo, dequem atingiu essa graduação.Em geral, essa cor é usada por pessoas que rejeitam as regras convencionais ou sãoregidos por outras normas sociais, como é o caso dos padres ou dos guerreiros queseguem ao Budô.Essa cor também nos dá uma noção de tradição e responsabilidade. É a ausência devibração da “não cor” que dá a sensação de proteção ou afastamento.
A FAIXA CORAL – Rokudan, Shitchidan e Ratchidan - 6º a 8º DANA faixa coral é caracterizada pelas cores branca e vermelha.
A FAIXA VERMELHA - Kyodan e Judan (Jodan) – 9º e 10º DANA cor vermelha sugere motivação, atividade e vontade. Ela atrai vida nova e pontos departida inéditos.Essa é a cor do fogo, da paixão do entusiasmo e dos impulsos é a cor mais quente, ativa eestimulante. Ainda é uma cor primária que não pode ser formada pela mistura de outrascores, mostrando assim, que o praticante ainda deverá manter-se puro e fiel ao estilo deque elegeu.Essa faixa, pela sua vibração, dá mais energia física, mostrando que agora, mais do quenunca é necessária força de vontade para não desistir da conquista dos seus ideais.Persistência, força física, estímulo e poder são seus traços típicos.Embora o vermelho represente agressividade, perigo, fogo, sangue, paixão, destruição,raiva, guerra, combate e conquista, também simboliza aquilo que deve ser contido peloseu portador. Esta cor faz com que você se sinta mais vigoroso, expansivo e pronto paraavançar adiante em algum sentido evidente. Ela tende a atrair o olhar das pessoas echamar a atenção. Se você usar vermelho, isso pode indicar que tem ardor e paixão,ferocidade e força. As pessoas que gostam de ação e drama apreciam essa cor. É uma corde uma energia muito forte e o praticante deve ter o cuidado e a persistência para não sedeixar ser vencido por ela e desistir do caminho.Sendo a cor do sangue, o vermelhotambém está relacionado à vida e à força de uma energia vital máxima. Esta também éuma cor Yang.
Lendas e mitos floresceram junto com a prática de artes marciais, tais como o judô e o karate, desde o começo. Ainda, parece não haver significância maior do que aquela associada com as origens místicas da cobiçada faixa preta. Para o espanto de muitos praticantes de artes marciais, a história da faixa preta é um tanto pequena no contexto geral.
Muitas histórias existem a respeito da honrada faixa preta em vários estilos de artes marciais. Uma das mais comuns que se ouve é a de que o artista marcial novato começou tradicionalmente com uma faixa branca. Como ele treinou e praticou durante anos, a faixa tornou-se suja, primeiramente marrom e finalmente preta assim que aperfeiçoou suas habilidades marciais. Apesar dessa extraordinária metáfora ter sido fornecida com um pouco de folclore, infelizmente, não se tem nenhuma fonte verídica. As faixas coloridas nunca fizeram parte da antiga tradição das artes marciais.
Na verdade, a faixa preta foi usada primeiramente para designar a habilidade ou o grau no Judo Kodokan há pouco mais de cem anos. O Dr. Jigoro Kano, um educador e entusiasta do esporte foi o primeiro a usar a faixa preta como um símbolo para os estudantes graduados e possuidores de Dan em sua escola, a Kodokan, fundada em 1882, em Tokyo. Antes disto, as escolas de Jujutsu, como a maioria das outras escolas de artes japonesas tradicionais, utilizavam o complicado sistema de Menkyo como uma forma de licenciar os estudantes aos níveis técnicos de habilidades particulares.
Uma compreensão do sistema educacional japonês e das circunstâncias sociais requerem uma perspectiva histórica. O treinamento sistemático de guerra e de armas desenvolveu-se primeiramente nas tradições marciais, escolas, ou estilos (ryu ha) entre os séculos 11 e 15. Os Samurais reuniram-se em clãs, centrados em torno das famílias ou regiões, para o treinamento de armas específicas e técnicas marciais. Assim que o treinamento se tornou mais distinto e individual, os estilos marciais ou escolas (bujutsu ryu) começaram a se formar no início do período Tokugawa (1600-1868).
Antigas artes marciais do Japão foram eventualmente classificadas em dezoito ramificações diferentes, como mencionadas no Bugei Ju-Happan. Basicamente, estas categorias são: kyujutsu, hojutsu, tantojutsu, naginatajutsu, mojirijutsu, bajutsu (horsemanship), sojutsu, shurikenjutsu, ganshinjutsu, toritejutsu, kusarigamajutsu, bojutsu, shinobijutsu, suijutsu, kenjutsu (swordsmanship), battojutsu, jutte-jutsu, jujutsu. Paralelamente, muitas escolas de outras artes, tais como a caligrafia (shodo), pintura (sumi-e), ou as formas de cerimônia do chá (chado), foram criadas também para disseminar suas técnicas e estilos distintos. Estas escolas também usaram o sistema do Menkyo para licenciar seus graduados.
Geralmente os estudantes destes antigos ryu já foram primeiramente licenciados como Shoden. Seus rankings progrediram então com Chuden, Okuden/Mokuroku, Menkyo, e finalmente, Menkyo Kaiden, o último significado, literalmente, "licença da transmissão total". Entretanto, cada ryu ha seguiu seus próprios critérios para licenciar estudantes. A seqüência particular e mesmo os vários títulos eram frequentemente diferentes entre si.
As Graduações (rank) eram designadas geralmente por certificados especialmente criados ou por cartas escritas à mão do professor ou fundador. Freqüentemente, os níveis mais elevados eram acompanhados da apresentação de um Densho, pergaminhos de instruções manuscritas ou de registros dos segredos dos fundadores das várias escolas. Alguns Densho forneciam instruções detalhadas e ilustrações gráficas de técnicas particulares. Outros usavam palavras e/ou caracteres descritivos que serviam como uma ajuda à memória para técnicas avançadas (memória minemônica). Os últimos documentos originais eram sem sentido às pessoas não familiarizadas com a linguagem particular dos ryu ha.
Devido à natureza sigilosa dos vários ryu ha e seus instrutores, o sistema de graduação do menkyo teve várias desvantagens. Primeiramente, não havia nenhuma maneira de avaliar ou comparar níveis de habilidade equivalentes dos graduados das escolas diferentes. Adicionalmente, as etapas entre licenças separadas podiam levar o praticante a qualquer lugar de alguns meses a diversos anos, dependendo da filosofia ou do estilo particular do professor.
Em sua juventude, Kano aprendeu primeiramente as bases do jujutsu de Teinosuke Yagi. Mais tarde, estudou o jujutsu de Tenshin Shinyo Ryu sob Hachinosuke Fukuda e Masatomo Iso, bem como o jujutsu Kito Ryu sob Tsunetoshi Iikubo. Foi iniciado nos segredos de ambas as escolas.
Após ter fundado sua própria escola; o Kodokan em 1882, Dr. Kano fez também estudos acadêmicos de muitos outros estilos do jujutsu. Além a visitar e praticar com os mestres ainda vivos, examinou com cuidado o Densho dos outro ryu ha de jujutsu. Logo depois que se decidiu dar forma a seu próprio estilo de jujutsu, Dr.. Kano revisou também o sistema de graduação (ranking), criando dez etapas com os intervalos relativamente curtos para manter os estudantes de judo interessados em progredir através dos vários níveis técnicos.
Em 1883, o Dr. Kano dividiu seus estudantes em dois grupos, dos não-graduados (mudansha) e dos graduados (yudansha), de acordo com Naoki Murata, diretor do museu de judo do Kodokan. Os primeiros yudansha, ou grau Shodan, eram dois estudantes famosos no Kodokan nesse tempo, nomeados Tsunejiro Tomita e Shiro Saigo. Estes dois estudantes foram também os primeiros promovidos a segundo dan um ano mais tarde.
Shiro Saigo, imortalizado no romance de ficção de Tsuneo Tomita, o "Sugata Sanshiro," e nas adaptações nos filmes de Akira Kurosawa (década de 40) sobre os infames torneios entre o judo e o jujutsu, pulou o terceiro dan e foi promovido diretamente a quarto dan no ano seguinte, em 1885, relata Muraka. Neste período, todas as graduações de Dan foram anunciadas diretamente pelo Dr. Kano ou fixadas em placas no Kodokan.
As faixas pretas não foram usadas como símbolos de graduação Dan no Kodokan até 1886 ou 1887, relembra Muraka, sobre a época dos torneios metropolitanos da polícia de Tokyo entre a escola de jujutsu fundada por Hikosuke Totsuka e pelo Kodokan do Dr. Kano. Após a vitória decisiva do Kodokan, os certificados ou os diplomas não foram emitidos pelo Kodokan até 1894, quase onze anos após a criação do sistema de graduação Dan do judo.
Eventualmente, a habilidade ou o nível do judoka vieram a ser denotados pelas faixas coloridas usadas em torno da cintura com o judogi. No Japão, as faixas brancas são geralmente usadas por todas as graduações de kyu, embora algumas escolas usem também a faixa marrom para indicar os níveis mais elevados do kyu. As faixas azul, amarela, alaranjada, verde, e roxa usadas pelos níveis intermediários do kyu tiveram origem na Europa e foram importadas para o sistema dos Estados Unidos durante o início dos anos 50.
As faixas pretas são tradicionalmente usadas pelos praticantes competitivamente graduados, primeiro dan (shodan) até o quinto dan (godan). Uma faixa vermelha e branca é usada pelos níveis merecidos pelo serviço prestado ao judo, sexto dan (rokudan) até o oitavo dan (hachidan), e as faixas inteiramente vermelhas são reservadas para o nono dan (kudan) e o décimo dan (judan).
O karate incorporou ambos os sistemas, a graduação Dan e o uso da faixa preta, quando Gichin Funakoshi, o mestre do karate de Okinawa, primeiramente demonstrou e mais tarde ensinou a base de sua arte marcial de Okinawa no Japão durante a década de 20 no Kodokan. O sistema de graduação Dan foi eventualmente incorporado ao Kendo (a arte da espada), ao Aikido, e à maioria das outras artes tradicionais.
A origem das faixas coloridas, bem como, o significado das cores particulares, ainda é encoberta de mistérios, e pode permanecer perdida na história. Embora não tenha deixado nenhuma razão registrada para as várias cores usadas, o Dr. Kano deixou alguns indícios. De acordo com sua doutrina filosófica, não há limites para as melhorias e para o progresso que se pode ter no seu treinamento de judo. Assim, o Dr. Kano acreditou que se alguém conseguisse um estágio mais elevado do que o décimo dan, retornaria conseqüentemente à faixa branca, terminando desse modo o círculo completo do judo, como o ciclo da vida.
No caso desta eventualidade, deve-se salientar que o Kodokan decidiu que a faixa usada por tal pessoa deveria ser aproximadamente duas vezes mais larga que a faixa comum, para impedir que os novatos confundissem o significado. Até agora, o Dr. Kano é a única pessoa com a graduação de décimo segundo dan e com o título de Shihan.
O Dr. David Matsumoto, autor de "An introduction to Kodokan history and philosophy", cita uma combinação de duas possibilidades para o uso tradicional das faixas brancas, o significado simbólico da cor e dos aspectos práticos da produção do uniforme.
"Primeiramente, o branco teve um significado especial, simbólico na cultura japonesa por séculos", Dr. Matsumoto escreve. "O povo japonês considera geralmente a cor branca como sendo o reflexo da pureza divina desde épocas antigas."
Assim, as faixas brancas podem ser mais apropriadas para refletir a pura inocência e virtude dos iniciantes, de acordo com o Dr. Matsumoto. Pode também refletir a seleção do algodão usado no material do judogi. Após o uso e lavagem freqüente, o material colorido ou amarelo natural do algodão tende a tornar-se branco.
Uma suposição não-autêntica a respeito das faixas pretas usadas pelos níveis Dan é que o Dr. Kano emprestou o conceito dos esportes japoneses das escolas de ensino médio. Os competidores avançados eram separados dos novatos em torneios de natação por uma fita preta usada em torno da cintura. Como um distinto educador e entusiasta dos esportes, o Dr. Kano estava certamente ciente desta tradição e pode tê-la incorporado em suas práticas no Kodokan.
A seleção das faixas vermelhas e brancas para distinguir os níveis mais elevados pode também ter sido baseada em uma preferência cultural simples, de acordo com Meik Skoss, um notável historiador das artes marciais e autor de artigos numerosos sobre artes marciais japonesas. Os Japoneses dividem tipicamente grupos em lados vermelhos e brancos, baseados em um evento histórico pivotante. A Genpei War era uma disputa entre dois clãs rivais, o Genji e Heike. O Genji usava as bandeiras brancas para identificar suas tropas no campo de batalha, enquanto o Heike usava bandeiras vermelhas.
Como exemplos, o Sr. Skoss aponta o semestral jogo Kouhaku Shiai do Kodokan, onde os estudantes de judô são divididos em dois grupos, vermelhos e brancos. Esta competição teve início logo depois que o Kodokan foi formado e transformou-se em um evento tradicional. Além do mais, os competidores no judo moderno são distinguidos por uma faixa branca ou vermelha na cintura, enquanto que os competidores do kendo são identificados por um tasuki vermelho ou branco, uma fita pequena amarrada à parte traseira da armadura.
Dr. Kano tinha uma afinidade particular por idiomas e grande interesse acadêmico em literatura clássica Chinesa, especialmente o I Ching, ou Livro das Mutações. O I Ching é basicamente uma coleção de sabedorias morais e políticas baseadas no conceito dos opostos mútuos, o Yin e o Yang. A escolha das faixas vermelhas e brancas feita pelo Dr. Kano deve ter sido uma representação simbólica do princípio da harmonia indicado pelo equilíbrio de Yin e Yang.
Por outro lado, a criação do sistema de graduação Dan do Dr. Kano deve ter representado uma rejeição radical à cultura japonesa e uma maneira deliberada de diferenciar seu novo e melhorado sistema, dos estilos tradicionais de Jujutsu, de acordo com Skoss.
"A era Meiji foi uma época de grandes mudanças sociais, econômicas e políticas - e Kano estava certo no meio disso tudo," disse Skoss. "Ele foi um inovador em seus métodos e teve alguns problemas óbvios com a cultura feudal japonesa. Por exemplo, ele não ficava feliz com a maneira que muitos praticantes de jujutsu eram como os Punks das ruas, e que usavam o que tinham aprendido para extorquir dinheiro dos transeuntes ou para satisfazer seus egos distorcidos."
Como um educador e um racionalista, que desdenhou superstições sem fundamentos, Dr. Kano quis criar um sistema de treinamento que não fosse prejudicar o físico de seus alunos e também levasse ao desenvolvimento de um padrão moral elevado e um forte caráter individual. Ainda, ela estava em conflito com os ryu mais antigos de Jujutsu, mas, sentiu muito que a tradição cultural tinha sido validamente preservada . Sua adoção de um sistema novo de graduação deve ter sido uma rejeição às tradições do Jujutsu e uma preservação da hierarquia tradicional japonesa.
"A sociedade japonesa é verticalmente estruturada" Skoss explica. "Um forte senso de posição relativa está presente em toda a interação social, e símbolos de graduação também tem sido parte de uma cultura voltada para o período Heian e até mesmo antes."
Skoss citou a adoção dos níveis de hierarquia encontrados nos mais antigos relatos da soberania Imperial Japonesa, bem como os chapéus coloridos denotando níveis e fortes regulamentações indicando relações de graduação durante esses períodos. A utilização das faixas coloridas pelo Dr. Kano para denotar níveis de graduação deve ter sido desenvolvida a partir dessas tradições, de acordo com Skoss.
Seja qual for a razão, a obtenção da faixa preta ainda representa uma significante evolução em habilidades técnicas e habilidades competitivas para a maioria dos Judokas de todo o mundo. Contudo, como todos os Judokas graduados com Shodan rapidamente aprendem, isto também representa um passo inicial no caminho para uma consciência superior e um grande aperfeiçoamento, e que pode levar uma vida inteira de dedicação.